Gastos do próprio bolso de pessoas com doença crônica não oncológica em cuidados paliativos

Gastos do próprio bolso de pessoas com doença crônica não oncológica em cuidados paliativos

• Autor
• Amanda da Silveira Nadal
• Co-autores
• Carla Evangelista de Araujo , Franciele Roberta Cordeiro , Marileia Stube , Rafaela Manetti Geisler , Juliana Graciela Vestena Zillmer
• Resumo

• Introdução: o Brasil é considerado um dos países da América Latina com crescente gastos do próprio bolso, principalmente com medicamentos e planos de saúde privados. A trajetória assistencial de pacientes com doença crônica não oncológica em cuidados paliativos é marcada por esse cenário, gerando impacto para famílias e sistemas de saúde. Objetivo: descrever os gastos do próprio bolso que as pessoas com doença crônica não oncológica em cuidados paliativos apresentam em suas trajetórias assistenciais. Materiais e  Métodos: trata-se de um recorte de uma pesquisa qualitativa desenvolvida em um serviço de cuidados paliativos de um município do Rio Grande do Sul, entre setembro e novembro de 2023, mediante entrevista semiestruturada. Participaram da pesquisa 12 pessoas com doenças crônicas não oncológicas em cuidados paliativos, selecionadas mediante amostragem intencional. Os dados foram gerenciados no programa Ethnograph v6 e analisados mediante ana?lise de conteu?do. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer nº 73399823.4.0000.5317. Resultados: as pessoas com doença crônica não oncológica em cuidados paliativos reportaram ter múltiplos gastos do próprio bolso, desde o diagnóstico até o término da manutenção do tratamento. Os gastos mais importantes foram para realização de exames, consultas médicas com especialistas, compra de medicamentos e transporte para deslocamento aos serviços de saúde. Para isso, utilizaram estratégias de mobilização familiar e ações sociais, como apresentado na fala: “Fiz rifa, fiz bingo, a minha mãe vendia produto de limpeza, bolo, vendia um monte de coisa. E às vezes o dinheiro não dava”. Conclusão: pessoas com doenças crônicas não oncológicas em cuidados paliativos e suas famílias possuem gastos do próprio bolso para acessar os serviços de saúde e cuidados durante sua trajetória assistencial, o que pode provocar sofrimento na dimensão social, além de influenciar negativamente na qualidade de vida e elevar as iniquidades em saúde.

• Palavras-chave
• Cuidados paliativos, Doenças crônicas não transmissíveis, Rede de atenção à saúde, Serviços de saúde
• Área Temática
• Políticas Públicas em Cuidados Paliativos